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Adeus Portugal

Os professores, os alunos e o futuro por descobrir

jornal Público anuncia novas mudanças (outra vez…) para os ensinos básico e secundário. Com tantas mudanças, algumas vezes curriculares, outras vezes organizacionais, os professores já nem ligam. A maior parte já desenvolveu uma estratégia para, aos poucos, se alienar de uma realidade cada vez mais delirante.

Eles são os objetivos que passaram a conteúdos, que depois cederam o lugar às metas, de aprendizagem primeiro e curriculares depois, para finalmente darem origem às aprendizagens essenciais. Para (é favor ler pára) tudo! Falharam-me os programas, as orientações curriculares, as competências e/ou as competências-chave. Ufff…

A cada novo ministro da coisa educativa, nova, rica e abundante nomenclatura pedagógica surge no horizonte escolar. É claro que, com o avançar da idade, não há memória que lhe resista.

Porém, apesar da idade, tenho pelo menos dois motivos para me sentir parte integrante de um grupo profissional cada vez melhor(!), cheio de super-homens e de super-mulheres (ou de mulheres-maravilha, caso se prefiram super-heroínas que não voam).
Primeiro motivo:
Alunos do 8.º ano durante a realização da prova de aferição de Educação Visual, numa escola do norte de Portugal.

Os nossos alunos têm ou não têm muita pinta? Andamos ou não andamos a prepará-los para uma vida dura e competitiva? Até parecem atletas de alta competição!

Segundo motivo: o último parágrafo da notícia que deu origem a este texto.

Para o Governo, o novo diploma “representa mais um passo na concretização de uma política educativa que garanta a igualdade de oportunidades e promova o sucesso educativo”, vai “desenvolver nos alunos competências que lhes permitam questionar a sabedoria estabelecida” e levar a que as escolas possam “preparar as crianças para tecnologias não inventadas e a resolução de problemas que ainda se desconhecem”.

O negrito e o sublinhado são meus. E em caso de dúvida é favor reler este parágrafo.

A minha primeira reação foi, quem escreveu aquilo esteve num jantar onde se contavam piadas sobre o casamento, do género, ah e tal, a esposa (o marido) ajuda a resolver problemas que não existiriam se fosses solteiro(a), etc e tal.

Pois, mas o Governo emitiu mesmo um comunicado que afirma, no seu ponto 4, uma mudança no sentido de garantir a igualdade de oportunidades e promover o sucesso educativo:

A materialização deste objetivo, já inscrito na Lei de Bases do Sistema Educativo, bem como os desafios decorrentes da globalização e desenvolvimento tecnológico, obrigam as escolas a ter que preparar as crianças para tecnologias não inventadas e a resolução de problemas que ainda se desconhecem.

O negrito e o sublinhado são outra vez meus… Não resisti.
É impressão minha ou alguém bateu com a cabeça? Terei sido eu? Ou este quotidiano é cada vez mais delirante?