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Adeus Portugal

Virar a pagina da austeridade

Todos os sábados, tenho por hábito ler a crónica de Alberto Gonçalves no sítio do jornal on-line Observador. Aprecio particularmente os textos deste sociólogo porque têm o condão de me ajudar a tolerar um quotidiano que demasiadas vezes se me afigura como delirante.
Ontem, porém, não pude ler o seu último texto. Fui a Lisboa, a capital do império como habitualmente me refiro a esta cidade, dar conta do meu descontentamento face à forma como a minha entidade patronal, o Ministério da Educação, me tem tratado ultimamente. Não fui sozinho, parece que me acompanharam nesta empreitada mais de 50 mil professores e educadores.
No entanto, os meios de comunicação social televisivos resolveram dividir as suas atenções entre o casamento “real” e aquela personagem que dirige os destinos do Sporting, clube do qual sou um adepto cada vez menos fervoroso, diga-se de passagem.
Ou seja, só hoje li mais uma excelente crónica de Alberto Gonçalves: “Portugal, terra de fé”.
Nem de propósito. Apesar de a ter escrito antes da manifestação em que tive o privilégio de participar. Acompanhado por profissionais de excelência, que diariamente dão o seu melhor, muitas em vezes em condições que… sabe Deus… Alberto Gonçalves toca num ponto que descreve exatamente o que sinto relativamente a um binómio* cada vez mais estranho, governo + comunicação social:

Virar a página da austeridade é um processo complexo e permanente. Implica, por exemplo, subir a cada semana o preço dos combustíveis, além de aumentar outros impostos conhecidos e criar alguns novinhos em folha. É curioso que a receita para o sucesso se confunda tanto com um fracasso – e um roubo sem precedentes. Felizmente, é para isso que existem os “media”: para evitar confusões.

* “binômio” expressão algébrica composta de dois membros unidos por sinal positivo ou negativo, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.